Mastigação – estudos e conclusões
Na matéria anterior, falamos sobre a saga de Horace Fletcher e como o hábito de mastigar bem os alimentos melhorou muito a sua saúde geral. Nesta matéria vamos ver alguns estudos e respectivas conclusões.
Dentes & Problemas digestivos
Um estudo de 2008 do Journal of Gastroenterology and Hepatology procurou demonstrar a relação entre a mastigação e as doenças gastrintestinais. O estudo concluiu que há uma elevada incidência de queixas digestivas nos pacientes com déficits dentais e que a melhora destes sintomas após a recuperação mandibular suporta o fato de que falhas mastigatórias podem levar ao surgimento de sintomas digestivos [4].
Um estudo realizado com 3.287 pacientes no Japão e publicado no British Medical Journal mostrou bem isto. Este estudo seccional cruzado analisou o impacto de se comer rápido e de se saciar completamente na gênese da obesidade. Pôde-se perceber claramente que ?comer até sentir-se plenamente satisfeito e comer rápido está associado com sobrepeso em homens e mulheres japonesas, e este comportamento alimentar pode ter um impacto substancial no desenvolvimento da obesidade?. Quase metade dos voluntários disse que tinha a tendência a comer rapidamente. Comparados com quem não comia rapidamente, os homens com este hábito tinham 84% mais chances de estarem acima do peso e as mulheres tinham duas vezes mais chances. Além disso, aqueles que, além de comerem rapidamente tinham a tendência de comer até se sentirem ?cheios?, tinham mais do que o triplo de risco de estarem acima do peso.
Ritmo da mastigação também importa
A maneira como comemos está cada vez mais sendo vista como uma área-chave em pesquisas sobre obesidade, especialmente desde a publicação de estudos destacando a existência de uma variante genética ligada à ?sensação de estar cheio?. Um estudo publicado recentemente no Journal of Psychopharmacology concluiu que um remédio usado contra a obesidade funcionava ao desacelerar o ritmo no qual pacientes obesos comiam [5].
Satisfazer a fome sem exageros
Comparando 35 com 10 mastigações por bocado, demonstrou-se que mastigar mais reduziu a ingestão alimentar, apesar de aumentar a velocidade da mastigação. Notou-se também ter havido uma favorável duplicação da duração da refeição capaz de atingir um ponto de referência para o sentimento subjetivo de “confortavelmente cheio“.
Os pesquisadores concluíram que embora esse estudo possa ser limitado por uma reduzida dimensão da amostra, os resultados preliminares confirmam a doutrina de Fletcher e fornece uma base para novas pesquisas nesta área [1].
Portanto, se você quer perder peso por que não começar pela simples mudança de hábito, mastigando mais e por mais tempo suas refeições? Parece uma excelente forma de começar!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] Smita HJ, Kemsleyb EK, Tapp HS and Henry CJK. Does prolonged chewing reduce food intake? Fletcherism revisited. doi:10.1016/j.appet.2011.02.003.
[4] Poitras, PMP: Gastrointestinal symptoms and masticatory dysfunction. Journal of Gastroenterology and Hepatology. v. 7, pp. 61?65, 1992.
[5] Barbosa, CL: Mastigação, um poderoso aliado da Dietoterapia. 1ª ed. Itu-SP: Ottoni, 2009.
Imagem: winnond / FreeDigitalPhotos.net
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